Saberes eruditos e técnicos na configuração e reconfiguração do espaço urbano: São Paulo, séculos XIX e XX
Projeto temático Fapesp nº 05/5538-0.Coordenado por Maria Stella Martins Bresciani, Ciec – IFCH - Unicamp

Apresentação

No Estado de São Paulo, o processo de reformas da capital e de urbanização de cidades do interior esteve intimamente relacionado à implantação das ferrovias a partir dos anos 1860, seguindo a expansão da "fronteira do café". Nas décadas finais do século XIX, a intensa atividade econômica agrícola e o início da industrialização atraiu sucessivas levas de imigrantes europeus, cuja presença maciça fixou marcas e deu feição multicultural à ampla área do Estado. A partir dos anos 1940 acentua-se também a migração interna de contingentes populacionais e a capital assume as características de metrópole em formação.

O estudo dos diferentes aspectos relacionados às transformações do espaço urbano constitui o amplo campo de investigação do projeto que se estrutura sobre indagações comuns aos quatro subtemas da pesquisa: conhecer o processo de formação do campo conceitual e profissional relacionado às intervenções urbanas com base no pressuposto de que sua constituição se viabiliza e ganha densidade pela circulação de saberes técnicos e eruditos num contexto de desenvolvimento econômico e crescimento populacional. Nossa proposta é rever o lugar-comum, bastante difundido nos estudos sobre as cidades brasileiras, que explica e justifica o saber e a prática urbanísticos e arquitetônicos enquanto meras influências ou cópias de modelos estrangeiros. Partimos da hipótese de que esses saberes sobre o urbano, amplos e compartilhados, viabilizam a modificação das formas de olhar, falar, pensar e intervir na cidade, identificáveis nas fontes textuais, cartográficas, fotográficas e nos projetos de arquitetura e de engenharia. A experiência profissional multidisciplinar obtida pela formação acadêmica e prática de médicos higienistas, engenheiros (sanitaristas, civis, industriais, ferroviários e agrônomos), arquitetos, construtores e artistas permite definir conceitualmente o urbano no período em estudo. A presença significativa de profissionais formados em instituições estrangeiras, de passagem pelo país ou que aqui se estabeleceram, conduz a uma indagação complementar sobre sua contribuição para a ampliação do diálogo internacional do saber urbanístico e arquitetônico.

A expansão agrícola e a industrialização deram lugar à configuração da megacidade de nossos dias cuja expansão por 65 municípios, entre a capital e Campinas, foram responsáveis pela riqueza e pelos graves problemas de diversas ordens que se encontram na base de análises críticas e políticas públicas. A desindustrialização da capital e de algumas cidades do interior paulista, iniciada na década de 1970, trouxe, por um lado, novas questões, mas por outro legou significativo patrimônio urbanístico e edificado até hoje pouco repertoriado e estudado e foco da atenção de nosso projeto.

Quatro subtemas compõem o projeto. Dois subtemas estudam a formação do saber urbanístico concomitante ao processo de urbanização da cidade de São Paulo no período entre 1828 e 1950; um terceiro grupo detém-se na expansão, densificação e especial configuração projetual da urbanização do interior paulista em estreita relação com a expansão das ferrovias entre as décadas de 1860 e 1940 e a questão do patrimônio arquitetônico fabril na capital e no interior de São Paulo e os conflitos de interesse envolvendo o destino de amplas áreas desendustrializadas constitui a área de pesquisa do quarto subtema.

Instituições

Ciec – Unicamp
Mais informações no site www.ifch. unicamp.br/ciec/
Puc – Campinas
Mais informações no site www.puc- campinas.edu.br/centros/ceatec/
Faac – Unesp
Mais informações no site www.faac.unesp. br/pesquisa/situ/
IUAV de Veneza
Mais informações no site www.iuav.it

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