O presente artigo se propõe a expor as ideias do arquiteto português Raul Lino, convidado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil a fim de prelecionar em conferências.
Segundo o autor do artigo, o referido arquiteto mostra-se múltiplo e completo, apesar de sua singeleza. Em sua primeira conferência, realizada na Escola de Belas Artes, discorre sobre o Espírito na Arquitetura, demonstrando a importância do mesmo para a primeira das artes plásticas.
Embora procure se posicionar de modo a conciliar as duas correntes conflitantes, tradicional e moderna, o conferencista mostra sua crítica em relação à falta do espírito da arquitetura moderna, ou seja, a falta de identidade, presente nas paredes lisas e seu caráter higiênico, o que por sua vez enfatiza a falta do sentimento de artista.

O autor do artigo também cita um exemplo dado por Raul Lino, em relação a este tema. Trata-se de uma igreja europeia que em muito foge das estruturas convencionais, como em seus arcos, por exemplo. Desse modo o conferencista critica não sua beleza ou falta dela, mas sua identidade, pondo-se no lugar daquele que ali exerceria seu sacerdócio. Com isso ele critica a falta de concordância da forma material em relação à função, ao espírito que deve ser expressado no ambiente.
Também é dado o exemplo de um banco, que para Raul Lino não seria arquitetura, não fosse pela escolha de cores e material adequados. Desse modo, ele demonstra que para certos ambientes, tais como bancos, não se preocupa muito com o estilo do edifício, mas sim com sua segurança, predominando o espírito da economia.
Por fim, é feita a comparação entre a arquitetura e a música, sendo a primeira a materialização da segunda, sendo fixadas no espaço.
Em suas últimas considerações, o autor do artigo ressalta a harmonia e justeza dos conceitos apresentados por Raul Lino.